" A alma é uma borboleta... há um instante em que uma voz nos diz
que chegou o momento de uma grande metamorfose..."
Rubem Alves

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Visita



Já não era  Lara
Havia se tornado lentamente
Mais  procedimento que  mulher
Uma incisão no umbigo do espelho
Um engolir-se diariamente sem água
Como quem se trata com veneno


Agora fria, fácil, ventania
Um parto novo  não doía nada
Partir  não lhe comovia
(- Adeus amiga)

O sol lhe abria mais os olhos
Entorpecida fitava-o de frente
Como se viva fosse


Sentia-se faca amolada
Carne moída, tempero que mata
Água salgada ao sol
E ao mesmo tempo não sentia
Como poderia sentir?

Gozava insone
Lara olhava do outro lado
Sombra no quarto escuro
Sorria... sumia
Já não era mais.

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