Já não era Lara
Havia se tornado lentamente
Mais procedimento que mulher
Uma incisão no umbigo do espelho
Um engolir-se diariamente sem água
Como quem se trata com veneno
Agora fria, fácil, ventania
Um parto novo não doía nada
Partir não lhe comovia
(- Adeus amiga)
O sol lhe abria mais os olhos
Entorpecida fitava-o de frente
Como se viva fosse
Sentia-se faca amolada
Carne moída, tempero que mata
Água salgada ao sol
E ao mesmo tempo não sentia
Como poderia sentir?
Gozava insone
Lara olhava do outro lado
Sombra no quarto escuro
Sorria... sumia
Sorria... sumia
Já não era mais.
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